Nome: Lucio Serrano
Profissão: taxista
Atitude transformadora: realizou mais de 400 doações de sangue e plaquetas em hospital da capital
Entre uma corrida e outra, o taxista Lucio Serrano costuma estacionar o carro em endereços bem específicos. Nas últimas quatro décadas, ele foi responsável por mais de 400 doações de sangue e plaquetas em hospitais da capital. Isso representa 240 litros. Sua trajetória na atividade começou em 1973, quando Serrano cumpria serviço militar. "Desde então, ajudar outras pessoas tornou-se minha paixão", conta. Por ter alto número de plaquetas no organismo (cerca de 400 000, quase 60% mais que a quantidade média) e boa calibragem nas veias, condição que facilita a retirada do material, ele passou a ser disputado por várias instituições de saúde onde mantém cadastro. "Cheguei a doar toda semana", diz. "Hoje vou uma duas vezes por mês."
Embora o nome dos pacientes beneficiados nunca seja divulgado, ele desconfia que tenha ajudado pelo menos duas celebridades. Uma teria sido a psicóloga Maria Rita Simões, esposa do cantor Roberto Carlos morta em 1999 devido a um câncer na região pélvica, internada diversas vezes no Hospital Albert Einstein, no Morumbi. "Eu era chamado sempre que ela ia lá." Outra seria o ex-presidente Lula. "Recebi uma ligação assim que ele chegou ao Hospital Sírio-Libanês, na Bela Vista, em julho de 2013, para tratar de uma metástase pulmonar", afirma.
Contador aposentado, o profissional mora em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e possui um ponto de táxi no Capão Redondo, na Zona Sul. Em pelo menos duas ocasiões, viveu situações com criminosos em que ele próprio quase precisou de uma transfusão: uma ao ser atacado com uma faca e a outra ao ficar sob a mira de um revólver. O fato de sair ileso dos episódios o motivou a escrever o livro As Experiências de um Vencedor (Editora Scortecci, 95 páginas, 20 reais). Lançada no mês passado, a obra é oferecida a clientes. Um coração de espuma costuma vir de brinde. Aos 59 anos, Serrano tem como meta completar 500 doações até os 70, quando terá de interromper a atividade voluntária, por causa da legislação. Depois disso, seu desafio será recolher documentos para provar que superou a marca do americano John Sheppard, recordista do Guinness Book, com 315 doações realizadas ao longo da vida.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 12 de agosto de 2015)
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