Nome: Elisa Bracher
Profissão: artista plástica
Atitude transformadora: oferece oficinas gratuitas de marcenaria, desenho e música a moradores de favelas
Em 1997, a artista plástica Elisa Bracher caminhava pela Vila Leopoldina, onde mantém seu ateliê de gravura e escultura, quando viu uma roda de capoeira na calçada. Como estava querendo ajudar a mudar a realidade dos 4 500 moradores de favelas do bairro, aproximou-se da turma. Os jovens, no entanto, interromperam a brincadeira, como se estivessem intimidados pela presença da estranha. "Percebi que eu não tinha como chegar a esses garotos, mas podia criar um jeito de fazê-los vir até mim", lembra. A solução foi inaugurar, no mesmo ano, o Instituto AcaIA, ONG responsável por oficinas de marcenaria, desenho, gravura, tipografia, capoeira, música e vídeo. Diariamente, cerca de 350 pessoas percorrem os 500 metros entre as favelas do Nove e da Linha, no entorno da Ceagesp, até a sede da entidade, no mesmo endereço do estúdio. "O movimento do entreposto favorece o tráfico de drogas e a violência sexual infantil", diz Elisa. "Quero oferecer uma alternativa."
Licó, apelido pela qual é conhecida, recebe qualquer um que entre pela porta de cor azul. As aulas são ministradas por cinquenta professores, e um bufê no espaço serve cerca de 600 refeições por dia. A artista ainda montou dois "barracos-escola" no pedaço e criou um cursinho pré-vestibular. A iniciativa ajudou 260 jovens a ser aprovados em universidades desde 2005, como Cíntia Dias, de 22 anos, que atualmente cursa gastronomia na Unicamp. Fora da capital, Elisa organizou uma equipe para promover oficinas semelhantes de artes a 45 famílias pobres de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, em pleno Pantanal. O Acaia tem um orçamento mensal de 750 000 reais e é bancado com doações de pessoas físicas e jurídicas, que abatem parte de seus impostos por meio do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. "Meu objetivo é fazer esses meninos e meninas sair daqui prontos para voar", afirma.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 11 de novembro de 2015)
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