Nome: Wanderleia Farias
Profissão: jornalista
Atitude transformadora: escreveu um livro com o objetivo de arrecadar dinheiro para o bebê Gabriel, que nasceu sem os braços e as pernas
Até o último momento antes do parto, em fevereiro, a ajudante-geral Roseli de Souza, de 39 anos, nutria esperanças de que seu filho nascesse sem deficiências. O médico já havia avisado a ela que o menino Gabriel, provavelmente por um problema genético, não desenvolvera nem pernas nem braços durante a gestação. Quando passou por uma cesariana para dar à luz o bebê, seus medos se confirmaram. Desesperada, recusou-se a vê-lo na sala de parto. Uma assistente social do hospital conseguiu convencê-la depois a visitar o filho. "Assim que pus os olhos nele, não quis mais sair de perto", lembra. "Ele veio para mudar minha vida para melhor."
A jornalista Wanderleia Farias, de 43 anos, soube da situação por uma pessoa de suas relações profissionais e resolveu ajudar. Criou uma página no Facebook e publicou relatos com fotos de Gabriel. Sua iniciativa alcançou quase 500 000 pessoas na rede social em apenas três semanas. O garoto é o caçula dos cinco filhos de Roseli - a primogênita é uma moça de 20 anos. A ajudante-geral mora de aluguel numa pequena casa em São Miguel Paulista junto de três deles. Gabriel foi fruto de um breve relacionamento e seu pai nunca o viu. "A Wanderleia foi um anjo enviado por Deus", afirma. A mãe encontrou inspiração em vídeos na internet do palestrante motivacional australiano Nicholas Vujicic, que também vive sem os membros.
A voluntária escreveu um livro, chamado Gabriel, para arrecadar dinheiro para a família. Imprimiu 15 000 cópias. Mais da metade delas já foi vendida ao custo de 14,90 reais cada unidade. O lançamento da obra rolou em 22 de novembro, no Shopping Center 3. Veio gente de outros estados e até de fora do país para conhecer o menino especial. "Parece que estamos vivendo um sonho, pois há muitas pessoas se reunindo para ajudar", diz Wanderleia. Às vezes, a escritora trabalha madrugada adentro para administrar o site de venda da publicação. Até agora, juntou 120 000 reais, mas a meta é ultrapassar os 220 000 com a comercialização de todo o lote. O próximo passo: comprar uma casa adaptada às necessidades da criança. "Quero dar uma vida digna a ele", afirma.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 6 de janeiro de 2016)
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