Há alguns anos atrás quando surgiu o Nero que permitia fazer cópias de CDs e DVDs me perguntei porque tinha recebido essse nome. E só entendi quando fui usar o programa pela primeira vez. Ele faz o "burn" (queima, ou seja, copia).
Voltemos ao imperador Nero. No ano 64 de nossa era, um terrível incêndio destrói parte de Roma. Milhares de pessoas, aterrorizadas e com o corpo em chamas, atiram-se às águas do rio Tibre e acabam morrendo afogadas. O episódio é magistralmente reconstituído no filme Quo Vadis.
Da sacada de seu palácio imperial, Nero aparece extasiado com a cena dantesca. Insano, toma ua lira e improvisa uma canção diante de atônitos auxiliares, dentre os quais o arquiteto Phaon, autor do projeto de uma nova Roma, "livre da gentalha e de tanta imundície".
Em meio ao tumulto, corre o boato de que fora o próprio Nero o mandante do incêndio. Nessa altura, a turba ululante parte para fazer justiça com as próprias mãos.
Em pânico, Nero cinicamente se declara "pronto para punir exemplarmente os culpados".
É quando uma sádica imperatriz Popeia traz a sugestão de inimaginável monstruosidade: atribuir a culpa da tragédia aos cristãos, idéia que logo se transforma na versão oficial e o atira às garras de leões famintos no Coliseu.
Além desse pavoroso episódio histórico, a expressão "ver o circo pegar foco" traz também a lembrança da expressão "alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo".
A ninguém, evidentemente, teria ocorrido a expressão inteira, pois ela sempre é proferida em sentido totalmente oposto.
No caso, pegar fogo quer dizer que "a festa pegou fogo", que "todo mundo se esbaldou", e não passa pela cabeça de ninguém a mais mínima fagulha.
(Revista Língua Portuguesa - Março de 2011)
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