Até nove dias atrás eu jamais poderia imaginar que dois pequenos seres de quatro patas e miado fino seriam capazes de virar minha vida - e meu apartamento - de ponta-cabeça.
Pretinhas, Evita e Federica Fellina, duas gatas sem raça definida (SRD) que nasceram em uma ninhada de cinco há nem quatro meses, chegaram em casa numa sexta-feira ensolarada no meio do barulho das janelas sendo teladas.
Evita tem listras acinzentadas do pescoço à barriga, é um pouco maior do que a irmã, mais atirada e come bem. Federica é toda preta, magrinha, desconfiada e bebe muita água. As duas têm olhos amarelos e olhar penetrante.
Durante as primeiras horas no novo lar - até então elas estavam com a Yara, uma adestradora que encontrou a mãe, prenha, na rua e a adotou -, minhas meninas escolheram ficar embaixo da cama. Saíam com certo custo, mas retornavam para o esconderijo ao som de qualquer espirro.
Agora, ambientadas, gostam de arranhar o sofá (novíssimo!), que ganhou uma capa improvisada, correr, pular e adentrar em cantos inimagináveis.
E eu também mal poderia imaginar, até nove dias atrás, que contaria os segundos para chegar em casa e encontrar as duas criaturas mais fofas do universo felino, mesmo estando tudo revirado.
(texto publicado na revista sãopaulo da Folha de S. Paulo de 19 a 25 de julho de 2015)
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