Como impedir que a transpiração se torne indiscreta ou desagradável? Aqui, um verdadeiro guia para você se orientar
"A sra. Rita Hayworth não sua - transpira!", urrou o ator e diretor de cinema Orson Welles, agredindo um participante de sua equipe que mencionava a necessidade de enxugar a testa molhada da atriz. Filme: A Dama de Shangai, de 1947. Diretor e ator: Orson Welles. Atriz principal: Rita Hayworth, de quem estava se divorciando.
Cavalheirismo e suscetibilidades à parte, todos nós suamos, especialmente nos meses quentes que fazem agora sua entrada. Ainda bem! Pois o suor é natural e essencial à vida. Sempre "fabricado" pelas glândulas sudoríparas, suas várias funções incluem:
- Atuar na regulação térmica do corpo, que deve girar em torno dos 36º centígrados.
- Eliminar substâncias tóxicas resultantes da "limpeza do sangue" pelos rins (amônia, ácido úrico, ureia, creatinina, sódio, potássio e cálcio, entre outros elementos). Detalhe: tais substâncias são eliminadas principalmente pela urina.
- Proteger a pele contra a entrada de microorganismos (fungos, bactérias e vírus) - sua composição química, em geral ácida, funciona como uma espécie de tampão.
- Influir na flexibilidade da pele, pois contribui para a sua hidratação.
"Muito interessante", pode alguém responder. "Só que algumas pessoas suam demais e, às vezes, com cheiro muito forte."
Verdade. Culpa das glândulas que ficam sob os braços, mais precisamente nas axilas. Venha conhecê-las - há dois tipos e produzem secreções bem diversas, que escoam na pele por canaizinhos diferentes.
Glândulas sudoríparas écrinas
São as responsáveis por um suor líquido, incolor (aquele mesmo que molhou a testa de Rita Hayworth e entrou para a História). As écrinas espalham-se por quase toda a pele, mas em maior quantidade nas palmas das mãos, plantas dos pés, pescoço, testa ao redor da boca e axilas. Sua secreção é constituída de 99% de água e apenas 1º de elementos como ferro, potássio, ureia, cálcio e fósforo.
Glândulas sudoríparas apócrinas
Presentes em apenas algumas regiões do corpo, entre as quais virilha, monte-de-vênus, órgãos genitais, em volta do ânus e axilas. A secreção tem aspecto leitoso e contém proteínas, açúcares, amônia e gorduras.
A partir dessa explicação, você já deve ter tirado três conclusões:
1 - A quantidade de suor não é eliminada de forma uniforme em toda a pele - afinal, algumas áreas contêm maior número de glândulas.
2 - Devido à diferença entre os dois tipos de glândulas sudoríparas, o suor varia conforme a região.
3 - Há écrinas e apócrinas nas axilas, E em grande número.
Todas essas glândulas, presentes desde o nascimento, têm mínima atividade na infância: é na puberdade que fatores hormonais estimulam seu desenvolvimento e atuação. Aliás, por volta dos 10, 11 anos de idade, meninas e meninos, às vezes, levantam os braços, como que notando um cheiro nas axilas. Para o organismo, trata-se de um sinal: o corpo e todas as glândulas - inclusive as sudoríparas - estão amadurecendo para transformar o púbere num homem ou mulher.
"A partir daí, todos os dias as glândulas sudoríparas das axilas produzem uma quantidade mínima de secreção, mesmo que a pessoa não tenha atividade", revela a dra. Shirlei Borelli, dermatologista da Escola Paulista de Medicina. Acréscimo importante: o suor aquoso é eliminado continuamente no decorrer do dia, enquanto a secreção leitosa só aparece de tempos em tempos.
"Bem... então é parte líquida, produzida em maior quantidade, que dá o cheiro do suor?"
Se você acha que sim, errou. Em condições normais, a secreção líquida - acredite! - é inodora. A secreção leitosa, excretada pelas glândulas apócrinas, esta sim, exala.
O papel dos hormônios
Embora varie de uma pessoa a outra, só excepcionalmente o cheiro do suor é marcante. "A constituição genética de algumas pessoas determina maior número de glândulas apócrinas nas axilas e em consequência maior secreção leitosa", ensina a dra. Shirlei Borelli. "É o caso, por exemplo, dos negros."
Prepare-se para mais uma surpresa: independente do grupo racial, o odor das axilas masculinas em geral é mais forte que o das mulheres, devido aos hormônios liberados na região. Explicação: além de maior número de glândulas sudoríparas, a produção de testosterona, o hormônio masculino, é sempre grande e constante.
Já a mulher, devido às variações hormonais durante o ciclo, apresenta ligeiras diferenças de cheiro no decorrer do mês, assim, ele se torna um pouco mais forte por volta do 14º dia, quando ocorre a ovulação.
Agora, um porém, nem sempre a secreção esbranquiçada é a única culpada por aquele aroma, a mais que às vezes vem das axilas no final do expediente, depois de um dia inteiro de trabalho.
"Acredita-se que determinadas bactérias existentes na região atuem sobre a química das secreções sudoríparas, alterando-as e podendo dar origem a substâncias de cheiro desagradável", explica a dra. Leontina Margarido Tedesco-Marchese, médica assistente do Serviço de Dermatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Contudo, o odor das axilas de algumas pessoas é tão acentuado que chega a interferir na vida pessoal e social. O fenômeno chama-se bromidose.
Em alguns casos, o problema é devido a características genéticas; em outros, associa-se a doenças como insuficiência renal, diabetes e hipertireoidismo. Também na gravidez o odor pode tornar-se mais forte, em função do aumento de hormônios femininos circulantes.
A melhor aliada: limpeza
Se em todas essas circunstâncias a pessoa não tem a menor culpa do odor, há uma situação em que é a única responsável: falta de higiene adequada.
Para entender melhor o que se passa com a sujeira nas axilas, imagine uma floresta onde os mais diversos tipos de animais e plantas, apesar de muitas vezes inimigos, vivem em equilíbrio. Nas nossas axilas, como em toda a pele, acontece algo semelhante: vírus, bactérias, fungos, cada qual desempenhando suas funções, vivem em harmonia.
Guardiãs dessa paz, bactérias "amigas", impedem que microorganismos daninhos proliferem. E contam com dois ajudantes: o suor, que em quantidades moderadas funciona como um "detergente" especial (sua acidez, já vimos, não deixa os microorganismos nocivos se instalarem); e a lavagem das axilas, que elimina a pele descamada e a secreção acumulada das glândulas sudoríparas.
Pois bem, quando as florestinhas axilares ficam sujas, ocorre o seguinte: o pH local torna-se alcalino, favorecendo a instalação e reprodução dos microorganismos nocivos; e a pele descamada os alimenta.
O passo seguinte não demora. Mais numerosos, os microorganismos derrotam as "guardiãs" e invadem as florestas axilares (há até umas bactérias boas que mudam de lado). Resultado: odor malcheiroso.
"A falta de higiene com frequência propicia ainda o surgimento de lesões de pele, como dermatites, eczemas e micoses", avisa a dra. Leontina Tedesco-Marchese.
Será aconselhável, então, depilar as axilas com cera ou gilete? Ao contrário. Do ponto de vista orgânico, o ideal é manter os pelos, pois protegem até fisicamente a região - como se fossem "gradezinhas" contra a entrada de germes.
"A depilação, em especial, provoca traumatismo e às vezes inflamação, o que pode piorar o odor", comenta a dra. Shirlei Borelli. "Por isso, raspar é a conduta menor prejudicial."
Prefira roupas naturais
Existe um elemento que acentua consideravelmente o cheiro natural das axilas: tecidos sintéticos. Por não absorverem o suor, deixam as axilas abafadas; em consequência, uma quantidade maior de secreção fica em contato com o corpo, e durante mais tempo. Pronto, estão criadas as condições para que determinadas bactérias "ruins" decomponham o suor, tornando-o desagradável.
Já com as roupas de algodão e linho ocorre o inverso: suas fibras, porosas como um mata-borrão, ajudam o suor a secar, reduzindo-se, assim, o seu contato com o corpo.
"Bem... e quem transpira mais, obrigatoriamente cheira mal?"
Não necessariamente. Como você já deve ter percebido, há pessoas que suam pouco e têm odor desagradável. Mas outras suam bastante com cheiro mínimo, talvez devido ao menor número de glândulas fabricantes da secreção leitosa.
"Em geral, porém, a transpiração mais intensa tende a aumentar o odor", afirma a dra. Leontina Margarido. Dois fatores estão envolvidos:
1 - Provavelmente o mesmo estímulo que aciona a produção das glândulas sudoríparas écrinas dispara o das apócrinas - aquelas que exalam naturalmente.
2 - O suor excessivo origina grande umidade nas axilas, tornando a secreção mais alcalina. Em decorrência, desequilibram-as forças da "floresta". De um lado, as bactérias aliadas são enfraquecidas; de outro, aumenta a chance de miroorganismos nocivos se instalarem, transformando até as substâncias inodoras do suor em odoríferas.
Às vezes, emoções se intrometem
Em geral, uma pessoa só transpira mais nos dias quentes, ao praticar esportes ou executar trabalhos pesados. "Trata-se de uma reação absolutamente natural", tranquiliza a dra. Leontina.
Há indivíduos, entretanto, que mesmo em pleno inverno suam com abundância: trata-se de um distúrbio - a hiperidrose ou hipersudorese. Uma das causas é a hiperidrose cortical, também chamada emocional. Características: há transpiração intensa no corpo inteiro com ênfase nas palmas das mãos, virilha, plantas dos pés e axilas.
"Costuma ser desencadeada por tensão emocional; provavelmente existe predisposição genética", conjectura a dra. Shirlei Borelli. E complementa: "Um indicativo da origem emocional é a melhora costumeira durante o sono".
"Eu suo mais quando estou sob tensão emocional. Então, tenho hiperidrose cortical?", pode alguém perguntar.
"Em princípio não", responde a dra. Leontina Margarido. "É natural suar um pouco além nas situações de nervosismo. O indivíduo com hipersudorese cortical, diante de tal estímulo, sua exageradamente."
O processo resulta da liberação de acetilcolina pelo córtex cerebral, logo após a sensação de nervosismo. A substância percorre a medula espinhal e, através de fibras nervosas, age diretamente sobre as glândulas sudoríparas, levando-as a fabricar bastante suor em todo o corpo.
Outras situações que eventualmente causam hipersudorese generalizada: menopausa, obesidade, gravidez; certos medicamentos - analgésicos, antitérmicos, hormônios feminino e masculino. E algumas drogas para tratar distúrbios específicos de tireoide e diabetes.
"Algumas vezes, a hipersudorese generalizada pode ser sinal de distúrbios mais sérios que precisam ser investigados", alerta a dra. Leontina. Ela mesma enumera alguns: diabetes, hipertireoidismo, tuberculose pulmonar, artrite reumática, doença de Parkinson, tumores, trauma de crânio e fraqueza generalizada. A propósito: não suar em algumas áreas do corpo também exige avaliação médica rigorosa, pois talvez seja indício de problemas mais graves (hanseníase, por exemplo).
E pessoas que transpiram excessivamente só na região axilar? Nome do distúrbio: hiperidose axilar. Embora congênito, o problema se manifesta apenas depois da puberdade, quando ocorre o desenvolvimento das glândulas sudoríparas.
A peculiaridade se deve, na maioria das vezes, ao maior número de glândulas sudoríparas nas axilas, ou à sensibilidade aumentada em relação a estímulos desencadeadores de transpiração - calor, tensão, exercícios.
"Em nenhum dos casos de hipersudorese o indivíduo tem culpa", enfatiza a dra. Leontina Margarido. Conselho da dermatologista Shirlei Borelli: se você tem hipersudorese, qualquer que seja o tipo, em vez de usar receitinhas dos amigos, procure um dermatologista para detectar a causa do distúrbio, recebendo tratamento adequado. Por exemplo, se a hipersudorese é cortical, há vários recursos a usar:
- Tranquilizantes.
- Drogas anticolinérgicas, que inibem a produção de acetilcolina, mas produzem efeitos colaterais como secura de boca, tonturas, diminuição da libido.
- Psicoterapia, que ajuda o paciente a controlar melhor a tensão emocional.
- Cirurgia - intervenção denominada simpatectomia, que corta determinados nervos da medula espinhal, impedindo que impulso estimulantes cheguem às glândulas sudoríparas. A operação é indicada somente em casos graves, pois interfere em outras glândulas, provocando secura na boca e diminuição da libido. Mais uma desvantagem: o distúrbio pode voltar a manifestar-se anos depois.
Duas receitas infalíveis
Já para quem tem só a hiperidrose axilar, o tratamento é local. Situações brandas se resolvem com anti-sépticos e fórmulas especiais elaboradas por dermatologistas, à base de substâncias como cloreto de alumínio e formol -elas ajudam a diminuir a secreção e a secar as axilas, como se fossem um absorvente. Uma boa fórmula que você pode aviar em farmácia de sua confiança é a seguinte:
- Cloreto de alumínio - 6%
- Álcool anidro - 100 ml
Os casos mais graves de hiperidrose axilar, no entanto, pedem cirurgia das glândulas sudoríparas.
"Dá ótimos resultados, com melhoria de 70 a 90% no nível de sudorese axilar, além de diminuição do odor", garante o dr. Ival Peres Rosa, chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital do Serviço Público Municipal de São Paulo. "Mediante anestesia local, são retiradas parte das écrinas e das apócrinas", explica.
E se o seu problema é apenas de odor desagradável? Peça ao seu dermatologista uma fórmula especial. Anote esta, da professora Shirlei Borelli:
- Dehyquart - 0,5 gy
- Cloreto de alumínio - 15,0 g
- Ureia - 5,0 g
- Água destilada qsp - 100 ml
7 dicas refrescantes
Desvendados os mecanismos da transpiração, conheça as medidas anti-suor selecionadas por nossas especialistas e que podem ser usadas por todos:
1 - Higiene adequada - Lavar diariamente as axilas, com água e sabonete, é imprescindível. No verão, se sentir necessidade lave mais de uma vez.
2 - Após praticar esporte tome um bom banho, não se esquecendo nunca das axilas.
3 - Dê preferência às roupas de algodão, em especial às de cor branca ou bege; as coloridas às vezes provocam irritações nas axilas. Importante: as roupas em contato direto com a pele, como sutiã, cuecas e calcinhas, sempre devem ser de algodão.
4 - Se você se sente melhor com desodorante, escolha com cuidado para não ter alergias. O ideal é pedir ao dermatologista uma fórmula especial para você, perfumada com a sua essência predileta. Função do desodorante: ajudar a secar o suor e a camuflar o odor natural das suas axilas.
5 - Cuidado com o antiperspirante, pois inibe a secreção das glândulas sudoríparas. Não o aplique mais de uma vez por semana. Deixe-o para ocasiões, como festas.
6 - Não use talcos nem polvilhos nas axilas. Eles tamponam os canaizinhos de saída natural do suor, dificultando a eliminação; além disso, facilitam a alteração do pH local, piorando o odor.
7 - Se, no meio do expediente, você perceber que o cheiro das suas axilas está ficando forte, em vez de passar mais desodorante, faça o seguinte: vá ao banheiro, tire a blusa ou camisa, lave bem as axilas com sabão e enxugue-as. Depois, sim, passe o seu desodorante preferido. Caso não o tenha a mão, só o fato de lavar-se melhora o odor.
Como você, suor e odor nas axilas todo mundo tem, alguns mais, outros menos. O importante é aprender a lidar com o fato, usando as armas adequadas. Só assim você vai passar os 365 dias do ano com o cheirinho que gosta de ter.
Já com as roupas de algodão e linho ocorre o inverso: suas fibras, porosas como um mata-borrão, ajudam o suor a secar, reduzindo-se, assim, o seu contato com o corpo.
"Bem... e quem transpira mais, obrigatoriamente cheira mal?"
Não necessariamente. Como você já deve ter percebido, há pessoas que suam pouco e têm odor desagradável. Mas outras suam bastante com cheiro mínimo, talvez devido ao menor número de glândulas fabricantes da secreção leitosa.
"Em geral, porém, a transpiração mais intensa tende a aumentar o odor", afirma a dra. Leontina Margarido. Dois fatores estão envolvidos:
1 - Provavelmente o mesmo estímulo que aciona a produção das glândulas sudoríparas écrinas dispara o das apócrinas - aquelas que exalam naturalmente.
2 - O suor excessivo origina grande umidade nas axilas, tornando a secreção mais alcalina. Em decorrência, desequilibram-as forças da "floresta". De um lado, as bactérias aliadas são enfraquecidas; de outro, aumenta a chance de miroorganismos nocivos se instalarem, transformando até as substâncias inodoras do suor em odoríferas.
Às vezes, emoções se intrometem
Em geral, uma pessoa só transpira mais nos dias quentes, ao praticar esportes ou executar trabalhos pesados. "Trata-se de uma reação absolutamente natural", tranquiliza a dra. Leontina.
Há indivíduos, entretanto, que mesmo em pleno inverno suam com abundância: trata-se de um distúrbio - a hiperidrose ou hipersudorese. Uma das causas é a hiperidrose cortical, também chamada emocional. Características: há transpiração intensa no corpo inteiro com ênfase nas palmas das mãos, virilha, plantas dos pés e axilas.
"Costuma ser desencadeada por tensão emocional; provavelmente existe predisposição genética", conjectura a dra. Shirlei Borelli. E complementa: "Um indicativo da origem emocional é a melhora costumeira durante o sono".
"Eu suo mais quando estou sob tensão emocional. Então, tenho hiperidrose cortical?", pode alguém perguntar.
"Em princípio não", responde a dra. Leontina Margarido. "É natural suar um pouco além nas situações de nervosismo. O indivíduo com hipersudorese cortical, diante de tal estímulo, sua exageradamente."
O processo resulta da liberação de acetilcolina pelo córtex cerebral, logo após a sensação de nervosismo. A substância percorre a medula espinhal e, através de fibras nervosas, age diretamente sobre as glândulas sudoríparas, levando-as a fabricar bastante suor em todo o corpo.
Outras situações que eventualmente causam hipersudorese generalizada: menopausa, obesidade, gravidez; certos medicamentos - analgésicos, antitérmicos, hormônios feminino e masculino. E algumas drogas para tratar distúrbios específicos de tireoide e diabetes.
"Algumas vezes, a hipersudorese generalizada pode ser sinal de distúrbios mais sérios que precisam ser investigados", alerta a dra. Leontina. Ela mesma enumera alguns: diabetes, hipertireoidismo, tuberculose pulmonar, artrite reumática, doença de Parkinson, tumores, trauma de crânio e fraqueza generalizada. A propósito: não suar em algumas áreas do corpo também exige avaliação médica rigorosa, pois talvez seja indício de problemas mais graves (hanseníase, por exemplo).
E pessoas que transpiram excessivamente só na região axilar? Nome do distúrbio: hiperidose axilar. Embora congênito, o problema se manifesta apenas depois da puberdade, quando ocorre o desenvolvimento das glândulas sudoríparas.
A peculiaridade se deve, na maioria das vezes, ao maior número de glândulas sudoríparas nas axilas, ou à sensibilidade aumentada em relação a estímulos desencadeadores de transpiração - calor, tensão, exercícios.
"Em nenhum dos casos de hipersudorese o indivíduo tem culpa", enfatiza a dra. Leontina Margarido. Conselho da dermatologista Shirlei Borelli: se você tem hipersudorese, qualquer que seja o tipo, em vez de usar receitinhas dos amigos, procure um dermatologista para detectar a causa do distúrbio, recebendo tratamento adequado. Por exemplo, se a hipersudorese é cortical, há vários recursos a usar:
- Tranquilizantes.
- Drogas anticolinérgicas, que inibem a produção de acetilcolina, mas produzem efeitos colaterais como secura de boca, tonturas, diminuição da libido.
- Psicoterapia, que ajuda o paciente a controlar melhor a tensão emocional.
- Cirurgia - intervenção denominada simpatectomia, que corta determinados nervos da medula espinhal, impedindo que impulso estimulantes cheguem às glândulas sudoríparas. A operação é indicada somente em casos graves, pois interfere em outras glândulas, provocando secura na boca e diminuição da libido. Mais uma desvantagem: o distúrbio pode voltar a manifestar-se anos depois.
Duas receitas infalíveis
Já para quem tem só a hiperidrose axilar, o tratamento é local. Situações brandas se resolvem com anti-sépticos e fórmulas especiais elaboradas por dermatologistas, à base de substâncias como cloreto de alumínio e formol -elas ajudam a diminuir a secreção e a secar as axilas, como se fossem um absorvente. Uma boa fórmula que você pode aviar em farmácia de sua confiança é a seguinte:
- Cloreto de alumínio - 6%
- Álcool anidro - 100 ml
Os casos mais graves de hiperidrose axilar, no entanto, pedem cirurgia das glândulas sudoríparas.
"Dá ótimos resultados, com melhoria de 70 a 90% no nível de sudorese axilar, além de diminuição do odor", garante o dr. Ival Peres Rosa, chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital do Serviço Público Municipal de São Paulo. "Mediante anestesia local, são retiradas parte das écrinas e das apócrinas", explica.
E se o seu problema é apenas de odor desagradável? Peça ao seu dermatologista uma fórmula especial. Anote esta, da professora Shirlei Borelli:
- Dehyquart - 0,5 gy
- Cloreto de alumínio - 15,0 g
- Ureia - 5,0 g
- Água destilada qsp - 100 ml
7 dicas refrescantes
Desvendados os mecanismos da transpiração, conheça as medidas anti-suor selecionadas por nossas especialistas e que podem ser usadas por todos:
1 - Higiene adequada - Lavar diariamente as axilas, com água e sabonete, é imprescindível. No verão, se sentir necessidade lave mais de uma vez.
2 - Após praticar esporte tome um bom banho, não se esquecendo nunca das axilas.
3 - Dê preferência às roupas de algodão, em especial às de cor branca ou bege; as coloridas às vezes provocam irritações nas axilas. Importante: as roupas em contato direto com a pele, como sutiã, cuecas e calcinhas, sempre devem ser de algodão.
4 - Se você se sente melhor com desodorante, escolha com cuidado para não ter alergias. O ideal é pedir ao dermatologista uma fórmula especial para você, perfumada com a sua essência predileta. Função do desodorante: ajudar a secar o suor e a camuflar o odor natural das suas axilas.
5 - Cuidado com o antiperspirante, pois inibe a secreção das glândulas sudoríparas. Não o aplique mais de uma vez por semana. Deixe-o para ocasiões, como festas.
6 - Não use talcos nem polvilhos nas axilas. Eles tamponam os canaizinhos de saída natural do suor, dificultando a eliminação; além disso, facilitam a alteração do pH local, piorando o odor.
7 - Se, no meio do expediente, você perceber que o cheiro das suas axilas está ficando forte, em vez de passar mais desodorante, faça o seguinte: vá ao banheiro, tire a blusa ou camisa, lave bem as axilas com sabão e enxugue-as. Depois, sim, passe o seu desodorante preferido. Caso não o tenha a mão, só o fato de lavar-se melhora o odor.
Como você, suor e odor nas axilas todo mundo tem, alguns mais, outros menos. O importante é aprender a lidar com o fato, usando as armas adequadas. Só assim você vai passar os 365 dias do ano com o cheirinho que gosta de ter.
(texto publicado na revista Saúde! nº 38 - novembro de 1986)
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