Em cartaz no saguão do prédio da Reitoria, mostra traz 320 peças originais, cunhadas durante os períodos da República e do Império Romano
Com a intensificação das trocas de mercadorias entre os povos, ainda na Antiguidade, surgiu a necessidade de criar uma convenção capaz de medir riquezas e estabelecer valores para os produtos. O resultado disso foi a invenção do que hoje conhecemos como dinheiro, surgindo primeiramente na forma de moedas metálicas. As primeiras moedas surgiram na Grécia Antiga, no século 7 a.C., mas rapidamente atingiram outras regiões, que também começaram a produzir suas próprias chapas de metal padronizadas. Em Roma, as moedas eram fabricadas em prata, ouro ou bronze e traziam várias representações, de deuses, animais, mulheres, reis, figuras míticas e heróis.
A exposição "Moedas da Antiguidade Romana nos Acervos da USP" busca retratar justamente esse aspecto da história de Roma. Nela, são mostradas 320 moedas, que pertencem aos acervos do Museu Paulista - também conhecido como Museu do Ipiranga - e do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), ambos da USP. A mostra, com curadoria do pesquisador Vagner Carvalheiro Porto, do MAE, traz os exemplares mais representativos dos acervos e está sendo exibida no espaço expositivo da Reitoria da USP.
Carvalheiro explica que a exposição está dividida em três partes. "A primeira parte está relacionada ao próprio histórico da coleção, ao processo de formação da coleção em si. A segunda parte explica todo o processo de higienização e conservação das peças. E a terceira parte se refere às moedas expostas. Essa terceira parte também está dividida em duas: as moedas do período da República Romana e as do Império Romano. "O pesquisador conta que, dentro de cada subdivisão, as peças também estão organizadas de acordo com os temas que elas trazem. "Eu fiz com que, pela iconografia das peças, as próprias moedas me dissessem que temas eu iria escolher", complementa.
O pesquisador esclarece que todas as moedas são originais e não circulavam apenas em Roma, mas em toda a vasta região do império. "Em um dos módulos da exposição, temos um mapa que mostra os locais de produção das moedas. Temos moedas que foram produzidas na atual região da Inglaterra, na Alemanha, na França e na Palestina. Elas circulavam por todos os lados", explica.
O pesquisador esclarece que todas as moedas são originais e não circulavam apenas em Roma, mas em toda a vasta região do império. "Em um dos módulos da exposição, temos um mapa que mostra os locais de produção das moedas. Temos moedas que foram produzidas na atual região da Inglaterra, na Alemanha, na França e na Palestina. Elas circulavam por todos os lados", explica.
Conservação - Para conservar as moedas, alguns cuidados devem ser rigorosamente tomados, explica Carvalheiro. Os responsáveis pela higienização e armazenamento das peças não podem encostar diretamente no metal com a mão, por conta do suor, que pode corroer o material. Eles também não podem deixar a moeda entrar em contato com outro metal, pois isso provoca um processo de oxidação. Além disso, devem tomar cuidado para deixá-las sempre num ambiente com umidade adequada. De acordo com o pesquisador, a limpeza das moedas deve ser feita apenas com uma flanela, para evitar um impacto muito agressivo nas peças, e sempre usando luvas.
Carvalheiro destaca a importância dos acervos do Museu Paulista e do MAE para a pesquisa sobre a Antiguidade. "Recentemente, fizemos um catálogo com todas essas peças, que envolveu alunos de mestrado, de doutorado e até de graduação", afirma o pesquisador. "Muitas pesquisas também estão sendo desenvolvidas a partir dos temas relacionados a essas moedas. Ter um acervo como esse é muito importante para o desenvolvimento da pesquisa sobre a Roma Antiga no nosso país", complementa.
Ainda de acordo com o pesquisador, a intenção da exposição não é analisar a Antiguidade sob o aspecto político, mas sim cultural. "O objetivo é que as pessoas conheçam mais sobre a vida dos romanos. Isso é possível através das moedas, ainda que pouca gente saiba", afirma. "As pessoas relacionam muito a moeda à economia ou à política, justamente porque são as autoridades que emitem as moedas. Mas os símbolos presentes nas moedas dizem muito sobre a cultura daqueles povos, e com elas nós aprendemos sobre os cultos, as religiões, a vida dos imperadores e das mulheres dos imperadores, a esfera militar e até a arquitetura."
A exposição "Moedas da Antiguidade Romana nos Acervos da USP" fica em cartaz até 20 de maio, de segunda à sexta, das 8h às 17h, no saguão do prédio da Reitoria (rua da Reitoria, 374, Cidade Universitária, São Paulo). Entrada grátis.
(texto publicado no Jornal da USP nº 1.098 - ano XXXI - 7 a 13 de março de 2016)
Nenhum comentário:
Postar um comentário