Pelo fato de ser filha única, quando era criança não podia ver alguém da minha idade que ia logo puxando conversa. Eu me lembro que a minha mãe no final da tarde tinha que me procurar para saber onde eu estava, na casa de qual novo amigo ou nova amiga eu tinha entrado. E por essa razão sempre falei muito sozinha para espanto das freguesas de costura da minha mãe que lhe perguntavam com quem eu estava falando. A resposta era sempre a mesma: "ela fala sozinha". E isso acontece até hoje, quando estou em casa, na rua e quando estou dirigindo. Quantas vezes já não me olharam de um modo estranho!!!! Outro dia aconteceu uma coisa engraçada quando fui colher sangue. Vi que a moça começou a falar sozinha porque tinha derrubado a agulha.. Não resisti e comentei que "ainda bem que eu não era a única a falar sozinha".
Posso parecer louca falando sozinha, mas consigo resolver uma série de problemas fazendo assim por incrível que pareça. É um pouco como pensar em voz alta!!! Se quando eu era criança procurava companhia de pessoas da minha idade, à medida que crescia fui aprendendo a me virar sozinha, a ser a minha própria companhia e isso tem sido muito bom. Isso não quer dizer que resolvi excluir as pessoas da minha vida, nada disso. Só que o fato de ser sozinha me proporcionou uma independência, uma autonomia que não trocaria por nada desse mundo.
E como uma das primeiras coisas que somos estimulados a desenvolver quando começamos um processo de autoconhecimento é o amor a si próprio, está sendo bem fácil para mim. Amar-se acima de qualquer coisa significa se reconhecer, se aceitar com todas as qualidades, mas também com os defeitos e isso faz com que aprendamos a reconhecer e a aceitar o nosso próximo.
Nada como ser a minha melhor amiga, para fazer novos amigos também. Se o mal que vemos nos outros é um reflexo do que somos, funciona do mesmo jeito com o bem. Nada como aprender consigo mesmo para depois aprender e ensinar aos outros. Isso sim é troca de energia boa!!!!
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